Compartilhando Vida: abril 2012

Depois que eu escrevi esse testemunho/história aqui no blog, meus pais me disseram que eu havia me esquecido de alguns detalhes, por isso, as partes em negrito foram as que eles me ajudaram a redigir e relatar a vocês. Caso você tenha lido antes da edição, pra que se localize onde estão as mudanças...

E não, nada do que tem acontecido hoje: a minha recuperação, a vida... nada disso eu ganhei de Deus porque mereça ou porque Ele me ame mais do que a qualquer outra pessoa. Existem coisas que Ele faz que nós nunca iremos entender, porque Ele não precisa se explicar, Ele é Deus. E duas coisas que eu nem quero entender mesmo e não fico perguntando a Ele: Por que Deus permitiu que esse acidente acontecesse? Por que Ele me manteve viva e tão bem como estou?

Sei que muitos não gostam de falar sobre esses dias, de lembrar desses dias, mas senti a necessidade de registrar de uma vez por todas o que realmente aconteceu naquele acidente, e quão grande foi o livramento que Deus me deu. Algumas coisas que vou citar, como por exemplo o instante que batemos o carro, eu não lembro, mas registro aqui o que minha mãe e minha prima já me contaram...

Estávamos voltando para Arapongas - PR, dia 27 de dezembro de 2011, tivemos alguns dias de descanso com parentes do Rio Grande do Sul. No carro, minha mãe (Dinair) dirigia, eu ao seu lado, e minha prima (Joice) atrás. Eu me lembro claramente do momento que saímos de um posto onde paramos para abastecer, eu peguei meu celular e comecei a enviar mensagens para algumas pessoas de Arapongas dizendo coisas como “Já estou voltando! Hoje a noite estou aí.” E pelos cálculos dos meus pais, isso foi uns 30 minutos antes do acidente. A partir daí, eu não me lembro de mais nada.

Estávamos na rodovia, próximos a cidade de General Carneiro – SC, e a pista lá não é muito favorável, contém desníveis (algumas ondulações), estava um pouco molhada... minha mãe foi fazer a ultrapassagem de um caminhão. Neste instante passamos por um desnível, ela perdeu o controle do carro ao passar com os pneus em alguns sinalizadores da pista (tartarugas). O carro atravessou a pista contrária , batemos com a traseira do carro primeiro em um barranco, depois com todo o lado direito no mesmo barranco, e acreditamos que foi nesse instante que eu bati com a cabeça na coluna do carro, em que o cinto de segurança fica suspenso, me ferindo (rachando o cabeção!haha). Depois disso o carro tombou e parou de ponta cabeça. Pessoas que moravam próximas ao local do acidente foram nos ajudar, carros pararam, e quem teve que me tirar do carro foi minha mãe, pois as pessoas disseram que parecia estar vazando gasolina do carro e tínhamos que sair dali, antes mesmo do socorro chegar. Nesse instante a única coisa que todos podiam ver em mim era um corte acima da orelha direita que sangrava muito, e ouvir minhas reclamações de dor forte na cabeça, mas sempre consciente, conversando tranquilamente. Minha mãe não havia percebido ferimento algum nela mesma, e minha prima estava completamente intacta! Graças a Deus! Assim que o socorro chegou fomos encaminhadas a Santa Casa de General Carneiro, e de lá, como meu caso se mostrou complicado me enviaram para União da Vitória - SC, onde fizeram alguns exames e observaram que eu estava com traumatismo craniano, quatro ossos quebrados e dois coágulos de sangue no cérebro. Uma UTI térrestre me levou por 100Km até a cidade de Caçador, sendo algo mais sério do que eles poderiam lidar, me encaminharam para o hospital Marcelino Champagnat de Curitiba – PR. Para essa transferência foi liberado uma UTI aérea, pois o caso tinha urgência, e isso gerou ainda mais preocupação em meus pais e nos envolvidos conosco, pois para o plano de saúde liberar tudo isso, é porque realmente foi muito necessário. Em Curitiba, alguns dias depois que chegamos, minha mãe também fez alguns exames e perceberam ela havia trincado uma vértebra, na lombar da coluna, mas que com repouso e cuidado tudo voltaria ao normal.

O hospital havia sido inaugurado fazia aproximadamente 40 dias antes da minha chegada, e é um local maravilhoso. Estrutura e profissionais ótimos! Assim que diagnosticaram meu caso, os médicos disseram aos meus pais que provavelmente eu teria alguma seqüela, como por exemplo perder a memória, problemas com locomoção e coisas assim por ter sido uma pancada tão forte na cabeça...

Os médicos que me atenderam e cuidaram das minhas cirurgias foram: o neurocirurgião Dr Zeferino Demartini Junior e o cirurgião plástico Dr Gilvane Cruz.

Cheguei ao hospital na madrugada do dia 28/12/2011 e fui operada dia 02/01/2012. Fizeram a reconstrução das partes afetadas do crânio, 3 ossos diferentes, e um osso da face, retiraram alguns fragmentos dos ossos, colocaram duas placas de platina e dez mini parafusos de titânio. Fiquei internada na UTI durante os dias 28/12 a 04/01 e eu estava consciente nestes dias, me lembrava de todos que eu via, conversava normalmente quando não estava sedada de remédios,falei por telefone com meu irmão, porém eu não me lembro mais de nada desses dias da UTI, pra mim, minha memória registrou os acontecimentos a partir do dia 03 de Janeiro, e o neurocirurgião nos disse que isso é comum em casos como o meu. Dia 05/01 eu saí da UTI e estava no quarto do hospital, mas tive que fazer uma segunda cirurgia porque desenvolvi uma complicação simples ocular, eu estava enxergando duplo. A cirurgia foi rápida, simples e eficaz. Mais uma vez os médicos foram ótimos! Fui liberada no outro dia, ficamos ainda em Curitiba até dia 10 para que fossem retirados os pontos. No dia 10 de Janeiro eu voltei pra casa. Sem ter que tomar remédios fortes e controlados, sem seqüelas, cantando, conversando, andando, rindo, dirigindo, e fazendo tudo o que era permitido na medida em que o tempo passava. Inclusive Dançando novamente! Clique no link, e é facil saber quem sou eu, a de cabecinha raspada de um lado só... E aqui um vídeo meu Cantando naturalmente após tudo isso.

Agora, aproximadamente 3 meses depois desse susto, estou escrevendo sobre como as coisas passaram. Eu agradeço de coração a todos que oraram, me mandaram recados, ligaram, foram me visitar... Agradeço a você que se importou e está lendo até agora. Agradeço aos médicos que são ótimos profissionais e sempre trataram a mim e meus pais, maravilhosamente bem! Esses homens sabiam exatamente o que precisava ser feito. Agradeço ao Bispo João Carlos e sua esposa Pastora Audir, que cuidaram tão bem dos meus pais e nos receberam em sua casa quando precisamos, em especial ao Bispo que foi quem me recebeu no hospital em Curitiba, e me viu naquelas condições terríveis. Agradeço a igreja Metodista em Arapongas, que chorou quando minha família chorou, orou por nós quando precisamos, cuidou do meu irmão enquanto ele esteve sozinho, e demonstraram carinho e respeito, de formas lindas e inenarráveis, também a todas as outras igrejas e pessoas que direta ou indiretamente estiveram conosco, nos auxiliaram. Aos amigos e amigas que se mostraram irmãos e irmãs pra mim e minha família, tão raros e que não serão esquecidos. Desde aqueles que foram em casa só pra me dar um oi e conversar, ou me abraçar e chorar, até aqueles que quase foram até Curitiba nos visitar e choraram com meus pais e meu irmão nos momentos que eu estava alienada da gravidade da situação. Agradeço ao meu namorado (Kally), por tudo o que fez naqueles dias e tem feito até hoje, cada mensagem, cada recado, cada demonstração de carinho e que foram me aproximando mais de você... Suas palavras foram certas nos momentos que mais precisei, mas suas atitudes me conquistaram de verdade. Agradeço aos meus pais, ao meu irmão... e jamais eu terei palavras suficientes pra isso! Mas agradeço por suportarem a dor e o medo que eu causei em vocês, e agradeço por cuidarem de mim tão bem, me amarem como amam, e me deixarem feliz por simplesmente chegar em casa naqueles dias. Pai (Pastor Heder de Medeiros Rodrigues), não poderia ter outro homem melhor pra estar em seu lugar nesses dias, e estar em seu lugar na minha vida! O sei que o senhor sabe pai, o quanto isso tem significado pra nós. Mãe (Dinair F. Chagas Rodrigues), obrigada por não me deixar sozinha naquele hospital, por deixar de comer, dormir ou descansar, só pra ficar ao meu lado segurando minha mão quando eu pedia, me dando abraços e beijos a cada momentinho carente que eu tive. Irmão (Saulo), obrigada por ser quem você é, obrigada por me ouvir, por me abraçar, por quase tomar as minhas dores pra você! Já te disse isso, você é o irmão que Deus sabia que eu precisaria por perto. Eu amo vocês!

Agradeço principalmente a Deus, autor da minha vida, meu tesouro precioso, meu maior amor... Por ter deixado que a Sua infinita graça e misericórdia se manifestassem com tanta força em minha vida. Por não ter me deixado com seqüela alguma, por não ter permitido que nada pior acontecesse... e por me envolver com Seu amor tão infinito nesse tempo de dor... Claro que os equipamentos do carro (cinto de segurança, airbags...) nos protegeram, que os médicos foram muito competentes e o hospital também, mas se Deus quisesse não ter me deixado com vida, e completamente sem seqüelas, todos esses detalhes não adiantariam nada, pois foi Ele quem não permitiu que algo pior acontecesse. Quero viver mesmo a história que Ele escreveu pra mim, se ainda estou aqui, é porque tenho muito o que realizar!

Abaixo ficam algumas imagens e algumas músicas que eu ouvi muito no início dos dias de dor, e toda vez que penso sobre tudo isso.

Se tiverem alguma pergunta pra fazer, ou comentário, estou a disposição tanto aqui pelo blog, como pelo meu e-mail, facebook e twitter.

Obrigada, Deus te abençoe!

"A chance de dar tudo errado era tudo o que eu tinha em mim, mas olha o que Ele fez comigo. Arrancou aquela tristeza que doía, Me lavou com o seu sangue, perdoou, A minha festa agora é cheia de sorriso, Olha o que Ele fez comigo... Junte suas forças, clame a Deus. Ele escuta o grito do seu fraco coração. Eu não tinha nada e agora eu tenho vida, E uma história nova e linda escrita pelo dedo de Deus.”